Estrangeiros continuam interessados em comprar casa no litoral de Portugal

Estrangeiros continuam interessados em comprar casa no litoral de Portugal, Espanha e Itália

Estudo do idealista sobre o mercado imobiliário à venda no sul da Europa.

 

Os benefícios da vida no sul da Europa, incluindo um clima ameno, boa comida e amplos benefícios sociais, continuam a atrair as atenções “lá fora”. Os EUA são o país mais ativo na procura de casa para adquirir um imóvel junto ao litoral, encabeçando a lista dos três países, neste período. A verdade é que muitos norte-americanos, mas também portugueses, espanhóis e italianos residentes do outro lado do Atlântico voltam a olhar para o sul do Velho Continente, em busca de uma nova casa ou até de uma segunda residência.

Embora a procura proveniente dos EUA seja mais comum em Portugal, a procura norte-americana ultrapassa a britânica em Espanha e a alemã em Itália, que até agora lideravam a origem da procura externa. Enquanto os contactos desde o Reino Unido e da Alemanha trocam posições em Espanha e Itália, a brasileira e francesa acompanha a norte-americana em Portugal.

Segundo o estudo sobre a procura internacional, em Portugal, os contactos dos EUA estão no topo da lista em 211 das localidades analisadas, enquanto em Espanha são líderes em 324 municípios. Já em Itália, a procura desde o norte da América lidera 317 áreas costeiras do país cercadas pelos mares Tirreno, Jônico e Adriático.

Evolução da procura internacional

A procura internacional está a ser afetada desde março, face às medidas de confinamento em todos os países e por causa das restrições à mobilidade, que dificultam a entrada de investidores interessados ​​em comprar uma casa. Mas a partir de maio, começou a observar-se uma recuperação, sobretudo em Espanha e Itália, que mantiveram níveis de procura positivos.

Apesar de Itália ter sido a zona europeia onde o início da primeira vaga da Covid-19 teve maior impacto, fazendo com que a procura internacional caísse drasticamente em março, o país mostra agora uma grande recuperação, com aumento médio de seis pontos percentuais (p.p.) no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior. Na verdade, 16% das visitas ao idealista Itália no verão passado são provenientes de locais de fora das suas fronteiras.

Espanha seguiu Itália na escalada descontrolada da pandemia, e com o período de desaceleração, a procura do exterior recuperou em um p.p entre junho e setembro, em comparação com o terceiro trimestre de 2019, para 13% dos estrangeiros interessados ​​em comprar uma casa.

O mercado imobiliário português também melhorou face a março, mas não ao mesmo ritmo dos mercados vizinhos, até ao fecho deste relatório no final de setembro. Apesar de ter caído um p.p. face a 2019, 25% da procura externa no mercado português é a mais elevada dos três países analisados, o que evidencia o peso das compras de estrangeiros em Portugal.

Com a chegada da segunda vaga da pandemia, com maior impacto inicial em Espanha, e atualmente forte em Itália, Portugal, e resto no resto do continente, verifica-se uma tendência de desaceleração em outubro.

Em geral, os preços não foram muito afetados pela crise económica, embora tenhamos que esperar pela evolução da pandemia, em plena segunda vaga, e com notícias animadoras de vacinas eficazes que podem chegar no início ou meados de 2021. Nos três países, coincide que as cidades costeiras tendem a ter um preço unitário mais alto do que o resto do território. Desde abril, o stock de casas à venda aumentou ligeiramente em Espanha e Itália, embora tenha diminuído em Portugal.

Estas zonas costeiras, principalmente orientadas para o turismo, sofreram mais com o impacto da Covid-19 devido às restrições de mobilidade, que impediram a chegada de milhões de turistas neste verão. Mesmo assim, os preços não caíram substancialmente como muitos esperavam no início de março. As moratórias aplicadas ao crédito à habitação, os diferentes apoios à manutenção do emprego em cada país e as baixas taxas de juro em toda a Europa têm apoiado esta estabilização dos preços.

Costa de Portugal

No norte de Portugal, a maior procura de habitação divide-se entre os EUA no Porto (2.087 euros/m2), e a brasileira em Matosinhos e Leça da Palmeira (2.707 €/m2). Os contactos desde França destacam-se na costa de Aveiro (1.220 euros/m2).

Já na zona de Lisboa e nas cidades envolventes, os contactos dos EUA dominam a procura. Cascais e Estoril (3.422 euros/m2) são um exemplo. Já na Margem Sul do Tejo, o Brasil lidera a procura na região de Setúbal (1.663 euros/m2). Ainda assim, no mesmo distrito, e se nos deslocarmos até Costa da Caparica (2.619 €/m2), verificamos que é desde França que se registam mais interessados. Na Comporta (2.772 €/m2), por sua vez, encontramos um cenário diferente: aqui quem domina são os contactos espanhóis.

Mais a sul, em Faro (2.343 euros / m2), os EUA voltam a ser os mais interessados ​​em comprar uma casa, tal como em Lagos (2.672 euros / m2). Embora noutras zonas turísticas de destaque no Algarve, como Albufeira (2.266 euros / m2), seja desde França e da Alemanha que mais procuram uma residência.

O Reino Unido lidera a procura de casa no arquipélago da Madeira. Câmara de Lobos (1.142 €/m2), Machico (1.126 €/m2), Ribeira Brava (1.045 €/m2) e Porto Moniz (823 €/m2) são só alguns exemplos. Já na ilha de Porto Santo  (1.292 €/m2), quem domina os contactos são os romenos.

No arquipélago dos Açores, os EUA são o país de destaque e o mais ativo na procura de casa, com um grande peso na região. Dominam nas ilhas de São Miguel (1.062 €/m2) e Terceira (817 €/m2), por exemplo.

Costa de Espanha

Na Costa del Sol, em Espanha, podem encontrar-se preços entre 3.115 euros/m2 em Benahavís, 3.044 euros/m2 em Marbelha e 2.113 euros/m2 em Málaga, com Estepona e Fuengirola no meio. O Reino Unido continua a ser líder na procura na costa de Málaga, que está a suscitar cada vez mas interesse nos EUA.

A Costa Blanca é habitualmente a zona de Espanha onde o peso das compras por estrangeiros é mais elevado. Em municípios de destaque como Moraira (2.863 euros/m2), Jávea (2.399 euros/m2), Calpe (2.120 euros/m2) ou Benidorm (2.102 euros/m2), a procura do Reino Unido é mais uma vez a que mais interessa. Enquanto isso, acontece novamente que os EUA lideram a procura nas maiores cidades como Alicante ou Elche.

Nos arquipélagos, o domínio nas Baleares é distribuído pelos contactos alemães nos municípios de Maiorca, os britânicos em Ibiza e Menorca, enquanto desde Itália se prefere Formentera, com um dos preços unitários mais caros, a rondar os 7.665 euros/m2 no final do terceiro trimestre. A procura da Itália é também a maior na capital Ibiza, com preços médios de 5.033 euros/ m2. Desde os EUA, por exemplo, procuram-se mais casas em Mahón (1.988 euros/m2).

No arquipélago das Canárias, mantém-se a tendência das outras costas espanholas. A procura da Alemanha encabeça a lista nos municípios mais turísticos de Gran Canaria, como Mogán (3.059 euros / m2) ou San Bartolomé de Tirajana (3.037 euros / m2), mas na capital, Las Palmas de G.C. (2.008 euros / m2), os EUA destacam-se como os mais interessados.

Na ilha de Tenerife, a Alemanha volta a dominar quase todos os municípios, como Puerto de la Cruz (1.822 euros/m2), mas nas zonas mais turísticas, como Adeje, a procura britânica está no topo da lista, e em Arona ou na capital Santa Cruz de Tenerife, destaca-se Itália. Em Fuerteventura, reaparece este país, enquanto os interessados do Reino Unido optam pelas zonas costeiras de Lanzarote.

Costa de Itália

Já em Itália, as áreas proeminentes da região da Toscana, como Lucca (2.502 euros / m2), Grosseto (2.413 euros / m2), Livorno (2.177 euros / m2), dividem-se entre os contactos dos EUA e Alemanha.

Mais a sul, no calcanhar da bota da península italiana, a região da Apúlia é algo mais acessível (1.166 euros/m2), com áreas de destaque em Bari (1.453 euros/m2); Barletta-Andria-Trani (1.347 euros/m2) ou Brindisi (1.172 euros/m2) onde a procura dos EUA e da Alemanha é cada vez mais uma vez forte.

Nas ilhas italianas, os contactos da Alemanha dominam os municípios costeiros da Sardenha (1.504 euros/m2), mas é a procura dos EUA que comanda a capital, Cagliari. Situação que se repete na Sicília (1.064 euros/m2), com os EUA a evidenciar a procura nas grandes cidades de Palermo e Catânia, e a Alemanha nos restantes municípios da ilha mediterrânea.

Metodologia

Para a realização deste estudo utilizámos como referência a localização IP a partir da qual foram feitas as visitas aos anúncios do idealista de imóveis à venda. Por conseguinte, não se trata exclusivamente da nacionalidade dos utilizadores, mas sim do país onde se encontram. Por exemplo, podem haver pesquisas provenientes de um determinado país, mas realizadas por residentes com passaporte diferente do país de referência.

 

Fonte:Idealista.pt